Trânsito de uma quinta-feira qualquer, numa cidade de médio a grande porte. Horário de pico.
Uma senhora octogenária, ao que parece, tenta atravessar uma avenida, em vão. Semáforos abrem e fecham, sem que a delicada senhorinha consiga atingir seu objetivo.
Mas, é bom que se saiba que existem pessoas generosas no mundo, mesmo numa quinta corrida, numa cidade qualquer de médio a grande porte qualquer.
E nos aparece o cidadão, todo solícito, estendendo o braço à senhora, que ,hesitantemente, o aceita.
Atravessam a avenida. Ela quase não crê haver conseguido seu intento.
Ele, num misto de "Minha boa ação de hoje!" e "Caramba! Me atrasei mais ainda!", volta correndo ao seu caminho de origem, quando é mortalmente interrompido por um veículo que ultrapassa outro pela direita.
Assim, absurdamente assim, ele foi pro Céu...
O que há de palpável em minha emoção? Sei dos versos que me torna humana. Sei das dores que me faz insana. Nada além... Meu sentimento jorra poesia que grita pra sobreviver Nesse parto sombrio que é a alma contra a calma a arma contra o carma o lúdico no cio. E quem me garante que o que escrevo seja arte? Talvez seja parte de uma farsa, Uma falsa modéstia Uma insana moléstia que me faz sentir gente. Demente. Mas, não menos gente.
terça-feira, maio 19, 2009
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