Colo

"Estou cansada.
Meu corpo pede sombra.
Paro.
Deixo-me estar aqui,
inerte no tempo.
Ouço a música de ser.
Vejo-me criança,
a sorrir com o mundo.
De criança.
Ouço pássaros. Céu azul.
Bato asas. Corro.
Céu aberto. Vôo.
Tudo verde. Morros.
Vivos.
Aqui. Dentro de mim.
Da criança que fui.
Choro. Sinto saudade
do colo do meu pai..."

Tempinho bom

Numa sexta fria dessas,
tecemos mil sonhos
debaixo das cobertas.

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Oi, pessoas!
Não disponho de muito tempo pra ficar por aqui,mas, é o paraíso ser mãe de duas crianças. E é único quando vivemos a experiência de achar tempo fora do tempo. Antes, quando era só Gabriel, eu não tinha tempo. Hoje, com a Cecilia, o tempo aparece, depois que eles dormem. Ou aparece de madrugada, depois de uma mamada. Nesses dias de dedicação exclusiva aos filhotes, aprendi muita coisa. Aprendi que TUDO vale a pena. Aprendi que o ruim não é pior que o péssimo. Portanto, nada é ruim. Aprendi que o choro é bom, e o sorriso é ótimo. Aprendi que tudo é festa, até nesse tempinho gélido de maio...

Grito surdo

"Vontade de falar pro mundo
disso que me assombra,
em vão.
Vontade de gritar as dores
de outrora,
e agora?
Em vão.
Vontade de fazer barulho
no eco,
no escuro,
no vão.
Vontade de falar,
assim,
desfazer o silêncio
dentro de mim."

Crer ou não crer

"Acredito tanto no amanhã
que não vivo o hoje como devia.
Meus livros, minhas dúvidas,
minhas coisas,
deixo tudo pra amanhã.
Numa certeza estranha;
mas certa.
E o amanhã vem vindo
e vai indo, assim,
aos poucos,
feito hojes nunca vividos."

Luto Materno

Hoje acordei às 05:46. Meu filho Gabriel, de 02 anos, na porta do meu quarto, querendo "dêdêla". Enquanto preparava a bendita, ele cantarolava de felicidade. Eis a letra:
"Dedelaaaaaá......Dedelaaaa............
Dedelaaaaaaaa....Vou tomá dedelaaaaa..."
Depois do mini-show, veio o mini-choro de Cecilia, minha bebê de 02 meses. Ocupei-me, pois, em acalmar ambos antes que acordassem o pai do sono bom que dormia. Tudo vale pra fazê-los sorrir.E tudo fazemos. Ser mãe é assim: A gente transforma falta de tempo em hora extra. Tira leite de pedra. Faz sopa de palavras. E tudo vale a pena....
Hoje pude chamar minha mãe e ouvir meu filho me chamando de mãe. É doce e único o poder de ser mãe. E ter mãe é bênção. Aproveito, pois, a mãe que tenho. Aproveitem, pois, todas as mães do mundo. E aproveitem seus filhos, sempre, principalmente o agora, que é o que nos eterniza. Digo isso porque hoje, em São Paulo, dezenas de mães tiveram o pior dia de suas vidas, enterrando seus filhos, enquanto esperavam piamente que isso jamais lhes acontecesse, mesmo porque o caminho natural dessa vida é sermos enterrados por nossos filhos. Hoje, muitas mães sentiram no coração e na alma a dor de amanhecer faltando-lhes um pedaço de si. Perder um filho muda tudo. Enlutei-me com elas, porque contagia-me a dor da perda alheia. E hoje minha oração será para cada uma delas: As mães que perderam seus filhos, assim, de graça, ou por um preço alto demais. DEUS as abençoe...

Saudade

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: Quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
CLARICE LISPECTOR
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Olá! Há muito não venho aqui. Estava um tanto perdida entre mamadas e fraldas. Não leia como reclamação. É informação apenas. Cecilia faz 02 meses depois de amanhã. Está linda e fofa, muito fofa por sinal. Efeito do afeto que é o leite materno. Gabriel está falante, único e ciumento, muito ciumento por sinal. Mas, doce como nunca. Cecilia e Gabriel têm me ensinado muito. E eu tenho me deixado escrever...